6.12.09

A TENDÊNCIA PARA A SÍNTESE



Deus, é a tendência para a síntese. Esta tendência constitui a própria vida em todo o curso da consciência e da natureza. O impulso animador de Deus, o Seu relevante desejo, é procurar a união. Foi esta tendência, esta qualidade, que Cristo procurou ao mesmo tempo revelar e dramatizar para a humanidade.

No que se refere ao quarto reino da natureza, Suas majestosas alocuções, como as que se encontram no Evangelho segundo São João (cap. XVII), fazem apelo à síntese e incitam-nos a alcançar a nossa própria meta.

"Eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai Santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós somos...

Dei-lhes a tua palavra e o mundo as aborreceram porque não são do mundo como eu não sou do mundo.

Não peço que os tires do mundo, mas sim que os guardes do mal.

Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo.

Eu não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que sejam todos um, como tu, ó Pai, o és em mim e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.

E eu lhes dei a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um.

Pai, a minha vontade é que, aqueles que me deste, onde eu estiver, estejam comigo, para verem a glória que me deste; porque me amaste antes da fundação do mundo".

Está aqui, indicada para nós, a síntese da alma e do espírito e também acentuada a síntese da alma com a matéria, completando-se desta maneira a unificação e a desejada libertação.

Mas a síntese da Divindade, Sua tendência para fundir, é muito mais inclusiva e universal que qualquer outra possível expressão no reino humano que, afinal, é só uma pequena parte do grande todo. O homem não é tudo o que é possível ser, nem constitui a consumação do pensamento de Deus. O deslocamento deste instinto para a síntese abarca todos ou universos, constelações, sistemas solares, planetas e reinos da natureza como também o aspecto atividade e a conquista do homem o indivíduo. Este instinto é o princípio governante da própria consciência e a consciência é a psique ou alma produzindo a vida psíquica; é uma percepção - subumana, humana e divina.

Relativamente ao homem, postulamos as seguintes expressões psicológicas:

1- O Instinto, situado abaixo do nível da consciência, mas protegendo e governando a maior parte da vida e dos hábitos do organismo. Uma grande parte da vida emocional é assim governada. É o instinto que controla por meio do plexo solar e dos centros inferiores.

2- O Intelecto, que é a autoconsciência inteligente, guia e dirige a atividade da personalidade integrada, por intermédio da mente e do cérebro operando através do centro da garganta e do centro ajna.

3- A Intuição refere-se predominantemente à consciência de grupo e controlará finalmente todas as nossas relações com os outros na medida em que funcionamos como unidades grupais. Opera através do coração e do centro cardíaco e é o instinto superior que permite ao homem reconhecer que tem de submeter-se à sua alma, ao seu controle e à sua impressão de vida.

4- A Iluminação é uma palavra que deveria ser empregada para designar a consciência super-humana. Este instinto divino permite que o homem reconheça o todo de que faz parte. Atua através da alma do homem utilizando o centro da cabeça e finalmente inunda de luz ou energia todos os centros, vinculando o homem conscientemente a todas as partes correspondentes do divino Todo.

Assim, a tendência para a síntese é um instinto inerente em todo o universo e, só agora, o homem mal começa a despertar para a sua proximidade e o seu poder.

É este atributo divino no homem que faz do seu corpo físico parte integrante do mundo físico; que o torna psiquicamente gregário e disposto a viver associado (por escolha própria ou obrigação) com os seus companheiros, os homens. Este princípio, operando por intermédio da consciência humana, conduziu à formação das nossas modernas e grandes cidades - símbolos de uma futura civilização mais elevada a que chamaremos o reino de Deus, na qual as relações entre os homens serão psiquicamente muito mais íntimas. É este instinto para unificar que está latente em todo o misticismo e em todas as religiões, dado que o homem procura sempre uma mais íntima união com Deus e nada pode deter esta unificação (em consciência) com a Divindade. Este instinto é a base do seu sentido da imortalidade, e garante a união com o pólo oposto da personalidade - a Alma.

Sendo um atributo da Divindade e um instinto divino e, por conseguinte, parte da vida subconsciente do Próprio Deus, é evidente que dada a premissa original de que há um Deus, transcendente e imanente não há portanto nenhuma razão para se ter medo ou maus pressentimentos. Os instintos de Deus são mais fortes, vitais e puros que todos os da humanidade e, com o tempo, triunfarão, expressar-se-ão e florescerão em toda a sua plenitude. Todos os instintos inferiores com os quais o homem está em luta, não são senão distorções (no tempo e espaço) da realidade e daí provém o valor do ensino ocultista, segundo o qual se diz que refletindo sobre o bom, o belo e o verdadeiro, transmutamos os nossos instintos inferiores em qualidades superiores e divinas. O poder atrativo da natureza instintiva de Deus, com a sua capacidade para a síntese, para atrair e fundir, coopera com os poderes não realizados da própria natureza do homem e efetua a sua redenção final com Deus, na vida e propósito, como um acontecimento irresistível e inevitável.

Os estudantes podem associar o instinto ou a tendência para a síntese e para a unificação com as leis do Universo e da natureza. Está estreitamente relacionado com a Lei de Atração e o Princípio de coesão. Mais tarde, realizar-se-ão grandes estudos sobre estas relações. Esta série de livros de texto sobre ocultismo e forças ocultas que escrevi, está destinada a servir de postes de sinalização e de fachos de luz no caminho do conhecimento. Contêm conselhos e sugestões, mas devem ser interpretados pelos estudantes de acordo com a luz que possuam. Que estudem o que se desenrola à sua volta à luz do Plano e do conhecimento aqui apresentado, e tratem de descobrir por si a emergência da natureza psíquica instintiva da Divindade, nos assuntos mundiais e na sua própria vida, porque é isso que sempre se produziu. Devem também lembrar-se que possuem uma natureza psíquica que é parte do todo maior e que estão, portanto, sujeitos às impressões provenientes das fontes divinas. Que cultivem a tendência para a síntese; devem considerar as palavras: "Não serei separatista em minha consciência", como um dos pensamentos chave da sua vida diária.

Devemos notar aqui um ponto. O instinto para a síntese (referente à natureza psíquica da Divindade) nada tem que ver com a expressão física do sexo. Esta está regida por outras leis e é controlada pela natureza física. Não esqueçamos que H.P.B. disse (e com razão) que o corpo físico não é um princípio. As sete tendências fundamentais que estamos analisando são puramente psíquicas ou de natureza psicológica.

A compreensão da natureza destes impulsionadores e atributos psíquicos de Deus deveria levar o homem a pôr todo o peso da sua aspiração psíquica sobre estas qualidades emergentes. Por exemplo, na vida diária, trabalhará para a unificação com todos os seres, procurando penetrar no coração do seu irmão, esforçando-se para ser um com a vida de todas as formas, rejeitando qualquer tendência às reações separatistas, porque ele sabe que elas são inerentes à psique dos átomos da matéria e da substância que compõem a sua natureza. Estes foram atraídos, reordenados e reagrupados nas formas que se encontram na manifestação atual de Deus. Levam consigo as sementes da vida psíquica material, adquiridas em um universo anterior. Não há outro mal.

Muitas coisas nos foram ensinadas sobre a grande heresia da separatividade; é esta que é repelida e equilibrada quando o homem permite à "tendência para a síntese" fluir através dela, como uma potência divina, e assim condiciona a sua conduta. Estas tendências divinas constituem os impulsos básicos e subconscientes desde a aurora da evolução. Hoje, a humanidade pode ajustar-se conscientemente a elas e assim acelerar a chegada do momento em que reinarão a verdade, a beleza e a bondade.

Os discípulos mundiais e o Novo Grupo de Servidores do Mundo, como também todos os aspirantes inteligentes e ativos, têm hoje a responsabilidade de reconhecer estas tendências, e particularmente, a tendência para a unificação. O trabalho da Hierarquia na atualidade está peculiarmente relacionado com esta tendência e Ela e todos nós devemos desenvolver e alimentar esta tendência onde quer que ela seja encontrada. A padronização e a regimentação das nações não é senão um aspecto do movimento que leva à síntese, mas é um aspecto que tem sido mal aplicado e posto em vigor prematuramente.

Todos os movimentos que tendem à síntese nacional e mundial são bons e corretos, mas devem ser empreendidos consciente e voluntariamente pelos homens e mulheres inteligentes, e os métodos empregados para levar a cabo esta fusão não devem infringir a lei do amor. O impulso atual para a unidade religiosa é também uma parte da beleza emergente e embora as formas tenham que desaparecer (porque são a origem da separatividade), a síntese espiritual interna deve ser desenvolvida. Estes dois notáveis exemplos desta tendência divina, emergindo na consciência humana, são aqui mencionados e todas as almas que estão despertando devem trabalhar para estes fins. No momento em que há o conhecimento e um lampejo de compreensão, a responsabilidade do homem começa a manifestar-se.

Estudemos, portanto, as tendências do mundo de hoje que indicam a presença ativa desta tendência e desenvolvemo-la até onde pudermos. Descobriremos que é uma tarefa prática e difícil. A imposição de um atributo divino e psíquico pressentido na vida da forma (que tem os seus próprios hábitos psíquicos) porá à prova os poderes de qualquer discípulo. Somos chamados para esta tarefa para o bem do grande Todo.

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